segunda-feira, 19 de outubro de 2015

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Livro: Um momento meu (Paulo Caiado)



Título: Um Momento Meu
Autor: Paulo Caiado
Editora: Marcador
Data 1ª Edição: 06/08/2015
ISBN: 978-989-75-4187-2
Nº de Páginas: 344


Sinopse:
Amigos desde sempre, Lucas, Marcos, Mateus e João chegaram à casa dos 40, com tudo o que isto tem de bom e de menos bom: a maturidade e a experiência, mas também a insegurança em relação às decisões a tomar para o futuro e a angústia quanto à aproximação dos 50. Este romance é, quase na íntegra, narrado por Lucas, o personagem que, no fundo, reúne um pouco de todas as características dos quatro amigos: a costela marialva de Marcos, a introspeção de Mateus e a objetividade de João. Com grande sensibilidade e franqueza, Lucas descreve as suas vivências e as do seu grupo de amigos e amigas, questionando-se e questionando-as. Um Momento Meu é o retrato de uma geração, que irá trazer recordações e provocar sorrisos e lágrimas a todos aqueles que viveram a sua juventude nos anos 80 em Portugal.

Opinião:
Este livro não fazia parte da minha wishlist, pois achava que ele não era muito "adequado" para a minha "idade". Ok, talvez pudesse reformular esta ideia. A questão é que eu achava que este livro seria mais apreciado por mim daqui a uns anos (talvez nos meus 40 anos quem sabe). E foi esse o motivo que me fez demorar tanto a lê-lo.
De facto, e apesar de o autor começar logo bem e me ter "apanhado" na escrita logo desde inicio, com o tempo comecei a demorar mais para o assimilar. Isto deveu-se, essencialmente a meu ver, a dois aspectos: 

1º - A história não é o foco principal do livro, mas um pretexto para o autor divagar sobre inúmeros assuntos, desde o amor, à amizade, o ciúme, o sentido da vida, a solidão e a busca pela felicidade. 

2º - As reflexões do autor diziam-me pessoalmente pouco, e a personagem principal que a narrava na maior parte das vezes (temos alguns capítulos com outras perspectivas) chegou a irritar-me. Havia momentos em que me apetecia gritar-lhe. 

Eu adoro quando as personagens mexem comigo, quer de forma positiva ou negativa, porque quer dizer que de alguma forma estão bem construídas, e o Lucas, neste caso, mexeu muito comigo. É interessante porque o Lucas não é real, não tenho qualquer ligação real comigo, e mesmo assim conseguiu suscitar coisas em mim. E isso é sinónimo de que o autor fez um excelente trabalho na sua construção e/ou apresentação. Uma das coisas que mais mexeu comigo foi o "narcisismo" dessa personagem. A forma como Lucas dava conselhos a todos com aquela forma de falar do tipo "Ouçam-me todos porque eu sou o detentor da verdade absoluta". Mas depois, no seu dia a dia, Lucas não conseguia lidar com algumas questões, e não as conseguia resolver de forma satisfatória. O aspecto positivo desta personagem é que ela vai crescendo, e nota-se um amadurecimento da mesma. No entanto espero, que no mundo real, os homens com as dúvidas e indecisões do Lucas, não tenham de "bater com a cabeça" nem tomar certos caminhos para aprender... No final, posso dizer que se eu fosse a mulher dele, ter-me-ia sem duvida comportado de outra forma. 
Uma outra personagem com a qual não lidei muito bem foi o João, talvez porque tinha a mesma profissão do que eu (mas seguindo a corrente contrária à minha). No geral, gostei bastante das personagens femininas. Interessante a história de vida da Cristina. Cada vez, infelizmente, há mais mulheres como ela. Não quero dar spoilers, mas a verdade é que infelizmente hoje em dia ainda há mulheres que se devem sujeitar a certas coisas...   

O enredo foi interessante, mas relegado para segundo plano (como disse em cima). Mas isso prende-se com o meu gosto pessoal em termos literários. Eu preciso sempre de uma boa história, e de menos reflexões, pois gosto que me seja dada essa liberdade enquanto leitora. Esta obra faz o contrário, trazendo as reflexões para primeiro plano e usando a história como base para as divagações, o que sem dúvida é menos apresentados em livros hoje em dia. Nesse sentido, o autor está de parabéns, e penso que também o estará por outra razão: será fácil para alguém nascido nos anos 60 em Portugal, ou que viveu em Portugal/Europa nos anos 80, criar uma enorme empatia com as personagens e sentir que o livro é também um pouco seu. Mais fácil será, ainda, para os homens (uma vez que o livro é narrado maioritariamente pelo Lucas). Isso traz o inconveniente de limitar um pouco os seus leitores. No entanto, não acho que o livro seja exclusivo dessa faixa etária. Como jovem adulta de 27 anos consegui sentir alguma ligação com algumas personagens, compreender os seus pontos de vista e empatizar com algumas que nem sequer eram da minha idade (por exemplo, no caso da Diana, personagem com a qual empatizei logo de início).

Interessante também dois aspectos: a forma como o autor refere obras clássicas (portuguesas ou não) e a forma como nos apresenta Portugal, e alguns dos locais maravilhosos que temos.  

Por fim devo dizer que as ultimas 100/50 páginas do livro foram, para mim, as melhores. Um acontecimento particular descrito atingiu-me em cheio, como um murro no estômago, e demonstrou-me como a obra (em termos de história) se aproxima mais da realidade do que parece.

Um livro que, no final, valeu a pena, mas com a ressalva de que é mais voltado para pessoas que gostam de reflexões.


Roberta Frontini


Vídeo de Opinião


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